DE
HYDESVILLE A KARDEC
(retirado
do Livro Mediunidade 2, coleção: Estudos e Cursos de Therezinha Oliveira, do Centro Allan Kardec de Campinas-SP)
Os
fenômenos mediúnicos são tão antigos na Terra quanto a existência dos seres humanos. Os que deram início à codificação do
Espiritismo tiveram lugar em meados do século dezenove, conforme historiaremos, resumidamente, a seguir.
Uma casa assombrada
Em
1843, numa cabana de madeira, na pequena cidade de Hydesville, no estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos, um vendedor ambulante
de nome Joseph Ryan (citação de Delanne), ou Charles B. Rosma (citação de Arthur Conan Doyle), foi hospedado e morto pelos
proprietários, o casal Bell, com o fito de roubo.
O
crime ficou impune mas, daí a algum tempo, começaram a ser ouvidos ruídos e pancadas de objetos e paredes da casa, além de
barulho de passos de alguém invisível.
Os
proprietários assassinos mudaram de casa, agora assombrada. Duas outras famílias ali moraram sem que os fenômenos cessassem
e, em 11 de dezembro de 1847, John Fox, um pastor metodista, alugou a casa e nela passou a residir com a sua esposa e as filhas
Margarida, de 14 anos, e Catarina, de 11.
Telégrafo do Além
Na
noite de 31 de março de 1848, quando os raps (pancadas secas) se faziam ouvir com insistência, as meninas (que eram
médiuns sem o saber) convidaram o manifestante a repetir as batidas que elas dariam com as mãos, no que foram atendidas. Chamada
pela meninas, a Sra. Fox observou o fato e indagou se era um ser humano que dava essas pancadas e se havia sido assassinado,
o que foi confirmado com o número combinado de batidas.
Vieram
os vizinhos assistir ao estranho diálogo de batidas, e um deles, Isaac Post, propôs ler em voz alta as letras do alfabeto
para que o Espírito assinalasse, com uma pancada, a que desejasse formar palavras.
Descoberto
esse meio melhor de comunicação, o Espírito deu informações sobre como fora assassinado na casa, cinco anos antes (escavações
posteriores permitiram o encontro do esqueleto quase completo do mascate).
Surgem as mesas girantes
Esses
fenômenos chamaram tanto a atenção popular que as jovens Fox foram levadas a fazer demonstrações de mediunidade ante comissões
especiais, formadas para verificar os fenômenos e, em 1850, já se contavam milhares de norte-americanos (alguns ilustres e
renomados) que acreditavam nos fenômenos, praticando, muitos deles, esse intercâmbio primitivo.
Os
fenômenos se difundiram por toda a Europa, e evoluindo para a forma das mesas girantes. Pessoas se reuniam à volta das mesas
de três pés, fazendo perguntas a que os Espíritos respondiam com pancadas. Essa prática tornou-se moda e alcançou os salões
de Paris, onde morava Hippolyte Leon Denizard Rivail, insigne educador francês, discípulo de Pestalozzi.
Kardec, o Codificador
Convidado
a presenciar os fenômenos, de início o Sr. Rivail não se interessou pelo que parecia ser simplesmente uma diversão social.
Observando-os, contudo, pela insistênciade amigos, percebeu que eram devidos a uma causa inteligente. Pesquisando mais, verificou
que os Espíritos manifestantes não eram todos iguais em conhecimento e moralidade, mas suas informações eram sempre valiosas,
como as dos viajantes que nos relatam o que puderam ver e sentir dos países de onde vieram.
Prosseguindo
em seus estudos, revisou cinqüenta cadernos de escritos mediúnicos (que já haviam sido obtidos), e formulou indagações aos
Espíritos, chegando a conclusões e revelações fundamentais, que apresentou ao público, inicialmente em O Livro dos Espíritos
(18 de abril de 1857), seguindo-se o O Livro dos Médiuns (1861), O
Evangelho segundo o Espiritismo (1964), O Céu e o Inferno 1865) e A Gênese (1868), que constituem o Pentateuco
Espírita.
Por haver, assim, organizado os ensinos revelados pelos Espíritos, formando uma coleção de leis (um código),
Allan Kardec é chamado O Codificador do Espiritismo.
Importantes
também como detalhes, argumentação e com finalidades de divulgação mais rápida e acessível ao grande público, escreveu, o
Codificador, os livros: O Que É o Espiritismo e Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, além de editar a
Revista Espírita. Obras Póstumas enfeixa os escritos e apontamentos seus que deixou inéditos.
Para
a opublicação dessas obras, objetivando distingui-las das que produzira pelo seu próprio saber como pedagogo, adotou o pseudônimo
de Allan Kardec, nome que, conforme revelação feita, usara em encarnação anterior, ainda em solo francês, ao tempo dos druidas.
Bibliografia
De
Allan kardec
-
Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, 3ª parte, “Hydesville e as Irmãs Fox”;
-
O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. II.
De
Arthur Conan Doyle:
-
História do Espiritismo, cap. IV.
De
Gabriel Delanne:
-
O Fenômeno Espírita, cap. II.
De
Jorge Rizzini:
-
Kardec, Irmãs Fox e Outros.
De
Zeus Wantuil:
-
As Mesas Girantes e o Espiritismo.